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As cinco lições do Rei do Baião sobre comunicação e identidade

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Mayra Belem

Mayra Belem

Jornalista, mineira, atua na área de gestão de marketing, comunicação e projetos há quinze anos, com experiências nas áreas pública, privada e terceiro setor. É cofundadora da Azys Inovação, que orienta empreendedores e as empresas a viverem o empreendedorismo inovador na prática. Cria e produz eventos culturais na área de música erudita, teatro e publicações por pura paixão à arte.

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Se alguém chega a ser Rei é porque foi capaz de se reinventar, fazer do jeito que ninguém havia pensado ou feito antes. E a gente fica aqui pensando quantas lições um sujeito que saiu ainda jovem de Exu, lá nas grotas do sertão pernambucano, na década de 40, tem para nos ensinar nos dias de hoje, sobre a arte da comunicação por meio de elementos tão genuínos e característicos de uma cultura.

Luiz Gonzaga criou um estilo próprio, inovou a partir da tradição do homem sertanejo. Ousou não só na vestimenta, mas foi capaz de levar consigo o jeito e a cultura do nordeste, que passaram a ser conhecidos pelo Brasil. Seguiu a intuição para se vestir inteiro das suas origens.

O Rei do Baião foi artista das palavras, compondo canções que nos embalam até hoje, num ritmo quente, instigante e que nos faz viajar pelas suas experiências, seu passado, amores e saudades. Cantou sua terra e compartilhou as suas dores. A música Asa Branca é considerado um hino da região nordeste do país.

Ele disseminou o estilo de viver do nordestino, as roupas e acessórios que inspiram criações cheias de adereços e referências para a moda, para o design, para a música, para o turismo, para a culinária e para as atividades culturais do nordeste, que com muito orgulho tem Seu Gonzagão como um ícone repleto de significados.

O sanfoneiro é considerado uma das figuras mais criativas da música popular brasileira, ao valorizar e divulgar pelo país os ritmos nordestinos como o baião, o xaxado e o xote. Quem não se deixa levar pelo embalo dessas canções de dançar cheio de gingado e bem coladinho? Os Festivais de forró são comuns no país. No Espírito Santo tem duas festas tradicionais em Montanha e Itaúnas, cidades que praticamente “fazem divisa” com o estado da Bahia.

 

Comunicação - Luiz Gonzaga - Forró

 

Gonzagão alegrou e continua fazendo a festa nos forrós pés-de-serra e nas festas juninas, colocando as pessoas para entrarem no clima, em qualquer lugar onde o som da sanfona, triângulo e zabumba entra em cena. O trio instrumental também passou a ser sinônimo da arte de Gonzaga.

Seu pai o ensinou a tocar sanfona ainda na infância e a música sempre esteve presente em sua vida, nos hábitos e festejos da comunidade onde cresceu. Mudou-se para Fortaleza, fugindo de um amor adolescente que não poderia viver e seguiu carreira militar durante quase uma década. Depois foi tentar a vida no Rio de Janeiro, então capital nacional, sonhando com o sucesso e com a vida de artista.

Nos bares se apresentava interpretando artistas e canções de sucesso da época. Chegou a usar paletó e gravata borboleta para se apresentar nos famosos programas de auditório dos rádios, o meio de comunicação de massa mais abrangente e popular, que dava oportunidades para artistas que fazem sucesso até hoje na televisão e no cinema.

No filme nacional ‘Gonzaga de Pai para Filho’, lançado em 2012, ano do seu centenário, nada me impressionou tanto quanto a cena que ele volta para Exu, a sua terra Natal para se vestir de sertão.

 

Trailer do filme:

 

Mas o que a história de Gonzaga tem a ver com comunicação e identidade? Continue lendo que vou explicar tudinho em ritmo de forró! 😉

E a partir daí começa a interpretar um personagem real, que carregou para sempre em suas andanças: chapéu de vaqueiro enfeitado nas abas, na testeira e com um barbicacho que o prendia à cabeça, óculos estilo Ray Ban e o lenço.

Para os cangaceiros, o lenço, conhecido como jabiraca além de enfeitar servia para coar a água do sertão. O casaco bordado, chamado de gibão era usado por cima de uma camisa, com calça na cor “caque” e alpercatas. Era uma vestimenta rústica com a belezura do acabamento artesanal. E o seu inseparável acordeom.

 

Identidade enraizada

 

Comunicação - Luiz Gonzaga - Identidade

 

Quando falamos da identidade de uma empresa ou pessoa, associamos ao logo e aos elementos que possam identificá-lo visualmente. É possível que Gonzaga não tenha pensando nessas questões, justamente porque o mercado tocava e cantava em outra dinâmica. Mas podemos perceber alguns pontos interessantes, se observados pelo olhar da comunicação:

Eis aqui cinco lições que Luiz Gonzaga pode nos ensinar:

 

1 – Branding: Este conceito está além da identidade visual. É o conjunto de características que compõem a essência de uma empresa ou personalidade. O Rei do Baião estava alinhado com seus propósitos. Quando ele entendeu que poderia carregar o nordeste por onde ele fosse, percebeu a sua missão como artista inventivo e definiu a melhor maneira de se comunicar e conquistar o seu público. Os elementos visuais da vestimenta, o jeitão simples e sofisticado transmitia os seus valores e suas promessas. Não quis mais copiar os artistas, quis ser Gonzaga por inteiro.

2 – Posicionamento: Quando Gonzagão definiu seus objetivos, os seus diferenciais como criador de melodias, composições e harmonias, que traduziam a sua realidade e a forma como atuaria na vida artística, ele passou a trabalhar arduamente para divulgar o seu trabalho. Ele seguiu a estrada com a confiança na arte que sabia fazer. O sucesso, o reconhecimento e a fama foram “apenas” o resultado de uma vida de dedicação, apesar de todas as questões familiares, as rupturas, os desapegos necessários, os desafios da carreira e da própria condição humana.

3 – Identidade visual: O que pode ser identificado visualmente, sempre comunica uma intenção, seja pelas cores, texturas, imagens e formas que são capazes de definir uma composição. O ser humano pensa visualmente e gosta de entender facilmente as mensagens anunciadas. Luiz Gonzaga era uma identidade visual em forma de gente com todos os elementos da sua poesia: era traduzido pelas vestimentas, adereços, estilo de falar e cantar e as letras das suas composições. Ele era um símbolo visual de fácil compreensão, identificação e portanto, compartilhado, amado e exaltado.

4 – Linguagem: a forma de falar e as letras das suas músicas também eram fiéis ao seu jeito de ser artista. Os nomes das músicas reafirmavam o seu lugar: “Baião de dois”, “Siridó”, “Qui nem jiló”, contavam a sua própria história, alegrias, mazelas e jeito de ser. As palavras têm a força dessa conexão quando estamos criando e reafirmando uma identidade. Uma marca é a consequência de um movimento instigante de muitas perspectivas reafirmadas, organizadas e multiplicadas várias vezes para que o ciclo da comunicação faça sentido de forma humanizada e abrangente. E Gonzaga ainda é tudo isso.

 

Comunicação - Luiz Gonzaga

 

5 – Imagem: é definida pela percepção que o público tem da marca de uma empresa, produto ou serviço. O que a empresa ou pessoa afirma que é, precisa ser confirmado na prática perante seu público para criar confiança, relacionamento e conexão. Até que esse público passe a respeitar, interagir e defender uma marca ou o estilo de vida de uma celebridade ou produto. Gonzaga foi sagaz neste aspecto, mesmo que intuitivamente, porque coerência não faltava no seu dicionário sertanejo, na sua identidade e na força da sua essência de luz, de Luiz, que era facilmente percebida pelos fãs, que até hoje continuam apreciando o seu legado. Ele foi admirado por Raul Seixas, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Dorival Caymmi. E só!

 

Luiz Gonzaga, uma persona!

Essas cinco lições, caro leitor, é uma forma mais fácil que encontrei para compartilhar com você esses conceitos, seja na construção das nossas ideias de negócio, para fazer uma campanha, para lançar um novo produto ou serviço no mercado. Ou sendo profissionais da área de marketing, comunicação, design, fotografia, cinema ou rádio, poderemos ajudar os nossos clientes a pensar sobre estas questões de uma forma mais fácil de ser compreendida e colocada em prática.

Para esse artigo, escolhi o personagem Gonzaga para compartilhar com vocês algumas percepções a partir da história de um personagem real, que pode contribuir para deixar mais claros alguns conceitos defendidos e aplicados pela comunicação e tantas outras tantas áreas criativas.

Não é por acaso que fazemos referências a Gonzaga até hoje. Ele continua muito vivo em nossas memórias, está presente na cultura do país, nas homenagens que ganhou como a estátua de bronze na cidade de Campina Grande, na Feira de São Cristóvão, que é um pedacinho do nordeste no coração da capital carioca, nos ônibus articulados da capital mineira, que foram apelidados carinhosamente como “Gonzagão”.  

Na Prefeitura de Recife, Eduardo Cobra pintou um painel gigantesco na parede externa do prédio. E até uma Usina Hidrelétrica ganhou o seu nome. Em 2012, Gonzaga foi tema do carnaval da escola de samba Unidos da Tijuca, campeã naquele ano com o enredo “O Dia em Que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão”.

 

Comunicação - Luiz Gonzaga - Arte

 

Bem sabemos que é pouco provável que qualquer empresa, projeto, produto ou serviço que queira apresentar resultados consistentes, precisa se atentar para criar uma marca coerente com a sua identidade e que impacte nas experiência e sensações dos seus clientes. Quem for capaz de lançar luz como Luiz Gonzaga sobre estas questões, viverá num lugar especial do coração e da memória das pessoas.

Fica aqui o meu manifesto para que mais empreendedores e empresários estejam atentos e dispostos a viver essa imersão que Luiz Gonzaga, sabiamente, nos ensinou de forma simples, coerente e verdadeira em todas as estações. Olha pro céu  para se inspirar, veja como ele está lindo e viva o xote de Gonzaga, o Rei do Baião, da comunicação e da identidade![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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[…] nordestina daquela primeira metade do século XX e como todo aquele caldeirão se afunilou na identidade visual criada por Luiz Gonzaga, que parece formar com Teixeira um ímã com suas visões diametralmente opostas. Um equilíbrio […]

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